APRESENTAÇÃO
ALCEU BETT
30 ANOS DE ARTE
Alceu Bett, artista visual catarinense, nasceu em 1972 na pitoresca cidade de Vidal Ramos, situada no alto vale catari nense. Aos 14 anos, mudou-se para Corupá/SC, onde passou três anos de sua adolescência imerso na riqueza cultural e educacional da região em um colégio interno. Embora tenha sido educado sob preceitos católicos, sua curiosidade e paixão por diversas formas de expressão o levaram a explorar outros idiomas e culturas. Em 1988, jovem e dotado de espírito inquieto, juntou-se aos irmãos e estabeleceu-se em Joinville, no norte do estado de Santa Catarina, onde deu início à sua notável trajetória nas artes e na produção cultural. O percurso artístico de Alceu Bett é marcado por uma busca incessante pela expressão criativa e pela inovação. Suas produções abrangem uma variedade de mídias, incluindo fotografia, cinema, artes visuais e produção cultural. Cada obra é uma narrativa vívida de sua paixão pela arte e seu comprometimento inabalável com a excelência em todas as atividades que empreende, ao longo de sua vida. O início de sua carreira remonta aos anos 90, quando Alceu buscava aprimorar suas habilidades. Foi nessa época que ele ingressou no jornal “A Notícia”, em Joinville, como fotojornalista. Provido de um olhar singular, rapidamente destacou-se por sua capacidade de capturar momentos e contar histórias por meio de suas fotografias. Seu período no jornal foi marcado por uma dedicação incansável e uma habilidade ímpar em retratar a essência de sua comunidade.
Como produtor cultural, Alceu Bett desempenha um papel vital na promoção da arte e cultura em sua comunidade, organizando curadorias de exposições e festivais de cinema, como o Shortcutz e o JIFF - Festival Internacional de Cinema de Joinville. O Shortcutz é um festival de cinema com sede em Amsterdã, que incentiva a formação de público e proporciona uma plataforma de exibição internacional para os filmes selecionados. Entre 2014 e 2024, o Shortcutz exibiu mais de 400 filmes em mais de 40 edições. Em 2013, Alceu Bett fundou a Galeria 33, em Joinville, um espaço que se estabeleceu rapidamente como uma referência artística no estado de Santa Catarina. Com um olhar visionário, Bett criou um ambiente que transcende simplesmente exibir obras de arte, mas sim celebra a diversidade de artistas e estilos. A Galeria 33 tornou-se um ponto de encontro cultural, onde diversas expressões artísticas se conectam e dialogam, enriquecendo o panorama artístico local. Atualmente, Alceu Bett não apenas dirige a Galeria 33, mas também assume o papel de Diretor Executivo dos Festivais Internacionais de Cinema Shortcutz e JIFF. Esses festivais não só promovem o cinema como uma forma de arte, mas impulsionam a cena cultural e cinematográfica em Joinville e na região. Bett continua a ser um catalisador essencial no desenvolvimento e na promoção da cultura, oferecendo um espaço vital para a criatividade florescer e ser apreciada por todos que visitam a Galeria 33. Recentemente, Alceu redescobriu uma paixão antiga: a pintura. Sua imaginação vibrante e sensibilidade continuam a inspirar e cativar. Sua obra é uma celebração da vida, da criatividade
e da expressão humana, convidando-nos a mergulhar em um universo de cor, forma e emoção.
Este livro, breve registro da vida e obra de Alceu Bett, é uma emocionante caminhada que busca apresentar não apenas a trajetória e produção artística, mas também o coração deste artista visionário. Que estas páginas inspirem e encantem, refletindo o trabalho perseverante, diferenciado e vibrante deste talento da arte contemporânea catarinense. Como parceira de trabalho em curadorias e produções culturais ao longo dos últimos 8 anos, tive a oportunidade de obter uma visão privilegiada para apresentar Alceu Bett e organizar esta trajetória. Espero sinceramente que apreciem este relato e, que este livro desperte o desejo de visitar pessoalmente ou virtualmente as produções do artista em seu acervo permanente na Galeria 33, em Joinville/SC. Finalmente, agradecemos a todos que tornaram possível a realização deste projeto, destacando a mão amiga e condutora de Bernadéte Costa, de Pierre Themotheo, e também o apoio fundamental do SIMDEC - Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura. Nosso muito obrigado à prefeitura de Joinville e à Secretaria de Cultura e Turismo pelo incentivo à realização deste trabalho, e a você, que destina seu tempo para conhecer este diário.
Gratidão, Katiana Machado, organizadora, 2024.
OS EXCLUÍDOS, 1994
Suas imagens profundas e impactantes dos “Excluídos”, tema de sua exposição, capturaram a atenção da Anistia Internacional, impulsionando-o a contribuir em exposições e campanhas pela defesa dos direitos humanos, tanto no Brasil quanto no Exterior.
FUNDAÇÃO DA AGÊNCIA ESPETACULUM
Em 2001, Alceu Bett fundou a Agência Espetaculum, com sede em Lisboa, Portugal, um empreendimento dedicado à fotografia e cinematografia de espetáculos. Por meio dela, ele
concebe projetos culturais em parceria com instituições de arte, tanto em Portugal quanto em toda a Europa.
BIENAL INTERNACIONAL DE CURITIBA Na Bienal de 2018, uma intervenção artística de Videoarte, sem título, foi apresentada ao público. Com uma duração de 3 minutos e 30 segundos em looping, essa obra inovadora propõe uma abordagem singular das famosas “carrancas” e “linguarudos” concebidas pelo artista joinvilense Luiz Henrique Schwanke. Por meio de projeções simultâneas sobre essas imagens icônicas, busca-se uma nova interpretação, mantendo-se fiel à essência da obra original. O objetivo principal é proporcionar uma experiência renovada da arte do mestre, empregando técnicas avançadas de mapeamento e sobreposição de imagens. Nesta intervenção, são exploradas diversas formas, pigmentações, formatos, tons e matizes, criando um novo e cativante olhar sobre a expressão artística.
CASACOR Durante a Casa Cor Itapema 2018, realizada em Itapema, Brasil, uma instalação de arte
contemporânea composta por 28 obras da série “Borderline” surpreendeu os visitantes. A entrada do
espaço foi totalmente transformada, proporcionando uma experiência sensorial única aos espectadores.
CARTAZ COMEMORATIVO DO 34o FESTIVAL
DE DANÇA DE JOINVILLE EM 2016
A fotografia de Alceu Bett,que retrata a
coreografia “Cantata”, do renomado
coreógrafo italiano Mauro Bigonzetti,
foi escolhida como a imagem para o cartaz
comemorativo da 34a edição do Festival de
Dança de Joinville, em 2016. Essa
imagem foi reproduzida em 1.000 cópias
de gravuras distribuídas para o público
e entusiastas do festival. A fotografia original encontra-se preservada no
acervo do Instituto Festival de Dança
CINEMA
FRAGMENTOS VULCÂNICOS
DE UM DISCURSO AMOROSO
Textos Joel Gehlen,
jornalista e escritor
AS MORTES DE LUCANA é um curta-metragem dirigido por Alceu Bett que acompanha a jornada surreal do cineasta Graco, interpretado por Robson Benta, enquanto ele se apaixona por Lucana, vivida por Paula Pinto, uma mulher que inexplicavelmente morre aos domingos. O filme explora temas como morte e ressurreição em uma narrativa envolvente, capturando a essência do amor e da vida por meio de uma cinematografia habilidosa e uma trilha sonora cativante. Com uma abordagem modernista e uma sensibilidade única, Alceu Bett entrega uma obra que transcende o comum, conectando o espectador aos mistérios da existência humana. “As Mortes de Lucana” é uma celebração do espírito humano e uma reflexão
sobre a complexidade do amor, deixando uma marca duradoura na mente do público com sua narrativa envolvente e visualmente deslumbrante.
O AQUÁRIO DE ANTÍGONA, dirigido por Alceu Bett, é uma obra cinematográfica que transita entre dois planos distintos, entrelaçando o onírico ao lógico, e explorando uma poesia que permeia cada cena. Com roteiro assinado por Fernando José Karl e Bett, o filme apresenta uma narrativa não linear, desafiando o espectador a construir seu próprio significado a partir de fragmentos de realidade e fantasia. Nesse universo cinematográfico singular, a fotografia de Amir Sfair Filho se destaca, utilizando iluminação orgânica para intensificar o apelo emotivo e contribuir para a construção de metáforas visuais que enriquecem a narrativa. A trama, ancorada em personagens como Severo Cruz, interpretado com maestria por Borges
de Garuva, e embalada pela trilha sonora suntuosa, especialmente pela “Lacrimosa” de Mozart, mergulha o espectador em um universo poético e reflexivo sobre a condição humana. As performances dos atores, notadamente de Severo Cruz, ressoam com autenticidade, fundindo-se de forma indissociável entre vida e arte. Em uma jornada que evoca a figura trágica de Antígona, o filme oferece uma experiência estética profunda, convidando o público a refletir sobre a existência e a efemeridade da vida.
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AS MORTES DE LUCANA
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O AQUÁRIO DE ANTÍGONA
JORNADA CINEMATOGRÁFICA
Paralelamente à sua incursão na fotografia, Alceu Bett embarcou em uma ousada jornada cinematográfica, dirigindo curtas-metragens aclamados como “As Mortes de Lucana” e “O Aquário de Antígona”. Sua abordagem cinematográfica, caracterizada por uma narrativa visual cativante e uma experimentação estética inovadora, ampliaram os horizontes de sua expressão artística, levando-o a participar de prestigiosos festivais de cinema ao redor do mundo.
PINTURA
PINCELADAS EM
DANÇA VIGOROSA
A série “Abissal Technicolor” de Alceu Bett oferece uma experi ência visual única, representando uma jornada profunda pelo mundo pictórico do artista. Cada obra conta uma história pessoal, mergulhando nas memórias e emoções mais íntimas do autor. Utilizando técnica mista que inclui acrílico e óleo sobre uma variedade de suportes, Bett constrói composições meticulosamente elaboradas, com camadas de movimento e cor que mostram nuances e detalhes fascinantes. O artista revela sua identidade artística e processo criativo, transmitindo uma linguagem visual, enriquecida pela música da vibrante paleta de cores. A produção de Alceu Bett é caracterizada por uma abordagem inicial despretensiosa, que gradualmente se transforma em uma dança vigorosa com uma variedade de materiais sobre a tela. Sua busca incessante por uma expressão autêntica o conduziu à pintura como a forma mais profunda de manifestação artística. A exposição oferece uma ampla gama de obras dos últimos anos, que vão desde estudos e desenhos até séries como “Cromografia” e “Abissal Technicolor”, refletindo a contínua jornada de exploração e descobertas do artista.
CROMOGRAFIA é a escrita feita de cor. Uma algaravia de traços interrompidos com um gestual seco, transformando a forma em uma fratura exposta. Um nome é também uma sina. Assim, ao assinar em CROMOGRAFIA, Alceu Bett descreve uma preexistência grafada em sua trajetória. A expressão esticada no curtume da tela é resultado de um processo alquímico, que lasca a forma cristalina da fotografia – a linguagem original do artista – até chegar a este ramalhete de destroços, oferecido sem retoques em sua estreia como pintor. Fruto da imersão febril em seu quarto de quarentena, onde compôs o seu bastão de tinta, CROMOGRAFIA é uma reinvenção do futuro, feita de farpas e acúleos. Ainda assim, é uma visão de vitalidade, vibrante e colorida. Joel Gehlen, setembro de 2020.
A coleção “CROMOGRAFIA” é a jornada de Alceu Bett rumo ao universo pictórico, resultando em uma recriação do futuro impregnada de vitalidade, cor e fragmentos. Concebida durante o período de quarentena em 2020, esta série é o reflexo de um processo alquímico que transforma a forma cristalina da fotografia em uma expressão abstrata e vibrante. Bett, reconhecido por sua carreira como fotógrafo, emerge como um pintor visionário, reinterpretando a luminosidade, a espacialidade e o cromatismo em suas obras, que se destacam pelo abstracionismo lírico e pela contemporaneidade visual. A exposição apresenta telas e desenhos da coleção “CROMOGRAFIA” e outras séries recentes, em que Bett explora técnicas mistas com oil stick, tinta acrílica e óleo sobre tela ou papel. Seu mergulho nas tintas e pigmentos revela um equilíbrio sublime, convidando os espectadores a abraçar o irreal de forma lúdica e
expressiva. Essas obras marcam um novo capítulo na trajetória artística de Alceu Bett, consolidando sua reputação como um artista inovador e versátil.
HAVANA TOCORORO
(UM PÁSSARO)
Por Fernando José karl,
jornalista e escritor
Guarde o mais aguçado olho do sonho e venha caçar os espelhos cubanos que Alceu Bett nos revela em sua exposição “HAVANA”. São fotografias banhadas pelo espírito seco da aparição. A atração por estes espelhos “tocororianos” de Alceu Bett continua insistindo, porque ao vermos as fotografias ali tão frágeis, corremos o risco de esquecer a voltagem plástica que as circunda. Não se aprende uma imagem. Por isto Alceu tenta captar o instante em fuga e depois imprimi-lo em papel fotográfico, para que vejamos – instante diamante se evaporando. O olho “Tocororo” de Alceu, investe contra a matéria com a sofreguidão de um argonauta em busca de aventura. O que Alceu quer adivinhar em tudo, é seu próprio pélago sombrio. Por isto suas obras têm esta aura de pitonisa vinda das grutas ásperas do inferno. Alceu, com seu olho-violoncelo, acalma o âmago e nos fere de leve bem ali onde somos primitivos. Alceu, nesta coleção, traz a música mais fina das imagens, o olho do furacão às nossas retinas.
O SILÊNCIO ATRÁS
DO BRANCO
PORQUE A VIDA
NÃO BASTA
A exposição fotográfica e a coleção de cartões postais intitulada “Silêncio Atrás do Branco”, realizada em São Francisco do Sul, é um livro-filme e um diário de imagens que refletem a linguagem única de Alceu Bett, sob a suave luz da cidade. Criada em colaboração com o poeta Fernando Karl, essa narrativa artística convida o espectador a explorar a cidade através de um filtro poético e visual. “Silêncio Atrás do Branco” transcende as fronteiras da arte convencional, fundindo fotografia e poesia numa simbiose criativa que enriquece o entendimento e a apreciação das paisagens e histórias locais. Esta coleção se tornou uma ode à colaboração artística e à capacidade da arte de transcender limites, oferecendo uma experiência rica e imersiva aos visitantes.
PORTUGAL PROFUNDO
ALMA VIBRANTE ALMA
“Portugal Profundo” é uma meticulosa exploração da essência do país, capturada através da lente única do artista. Utilizando sua sensibilidade e habilidade como fotógrafo de dança, Bett busca os detalhes e nuances culturais que enriquecem suas composições. Cada imagem transcende o comum, revelando a vibrante alma de
Portugal de maneira poética e única. É uma celebração da beleza e da riqueza histórica do país, convidando os espectadores a uma viagem sensorial através das paisagens e da vida cotidiana.
MOSAICO MARROQUINO
EXÓTICA
SINTAXE VISUAL
“Mosaico Marroquino” é uma série fotográfica que mergulha nas cores e nas paletas exóticas das cidades de Marrakech, Casablanca, Rabat e Fez. Sob o olhar perspicaz de Alceu Bett, cada imagem é uma exploração visual dos detalhes intricados que definem a essência vibrante do Marrocos. Bett capta não apenas a arquitetura distinta e os cenários pitorescos, mas também busca traduzir as nuances e as cores que permeiam essas paisagens urbanas. Esta coleção é um testemunho da diversidade arquitetônica e da riqueza cromática dos espaços urbanos marroquinos, apresentada com sensibilidade artística que convida os espectadores a explorar e apreciar a fascinante cultura deste país.
DIÁRIO IMAGÉTICO
ÁTIMO DO TEMPO
EM CONVERGÊNCIA
A série “Diário Imagético” é uma cuidadosa exploração visual de instantâneos capturados ao longo da carreira do artista durante suas viagens de exploração fotográfica, revelando lugares e pessoas em diferentes momentos de sua produção artística. Composta por 60 obras, essa coleção busca capturar a profundidade e a maestria do momento decisivo, conforme descrito por Cartier-Bresson, onde mente, olho e coração se alinham em um instante de criação. Uma das imagens retrata a cidade de Bruges, em 2012, revelando uma rica tapeçaria de significados e relações temporais. Na obra intitulada “Horológios”, Alceu Bett mescla elementos do passado e do presente, refletindo sobre a passagem do tempo e suas múltiplas dimensões. O registro visual sugere uma convergência mágica entre tempos distintos, evocando tanto a história vívida da cidade quanto a imobilidade do tempo, capturada nos antigos relógios. Essa interação entre passado, presente e futuro desafia a percepção convencional do tempo.
FESTIVAL DE DANÇA DE JOINVILLE
OBRA DE ARTE EM MOVIMENTO
A carreira de Alceu Bett como fotógrafo é marcada por uma significativa contribuição para o registro e promoção da dança em diversas mídias. Ele colaborou em muitos livros e projetos, fornecendo suas fotografias para obras de variados títulos, incluindo a Fundação Calouste Gulbenkian e a Companhia Nacional de Bailado em Lisboa. Suas imagens também ilustraram obras como “Vida e obra de Mário Avancini”, os livros fotográficos “Joinville” volumes I e II de Luiz Henrique da Silveira, e “15 Anos de Dança – Festival de Dança de Joinville”. Além disso, contribuiu com imagens para publicações da São Paulo Companhia de Dança. Na Europa, Alceu Bett desenvolveu trabalhos para diversas companhias de dança, teatro e cinema, entre elas Olga Roriz, Vasco Wellenkamp, Nacho Duato, Ballet Kirov, Ballet Bolshoi, Ballet de Monte Carlo, Ópera de Paris, Ópera de Toulouse, Ballet Trocadero, Ballet Washington, Pilobolus, entre outras. Sua prolífica contribuição fotográfica enriquece a documentação e promoção da dança ao redor do mundo. Entre 1990 e 2023, atuou como fotógrafo do palco principal do Festival de Dança de Joinville. Em 2021, ocupou o cargo de vice-presidente do Instituto Festival de Dança de Joinville (IFDJ).
PINA BAUSCH
NARRATIVAS VIVAS
DE CORPOS
EM MOVIMENTO
O ensaio fotográfico “PINA” mergulha nas profundezas da dança teatro criada pela icônica bailarina e coreógrafa alemã Pina Bausch, oferecendo uma perspectiva única sobre a dramaticidade de sua companhia. Registradas durante as apresentações do espetáculo “For the children of Yesterday, today and tomorrow”, em 2007, em Lisboa (Portugal), as fotografias capturam momentos que transcendem a mera representação visual. Em sequências rigorosamente planejadas, Alceu Bett não apenas documenta, mas também busca transmitir a intensidade emocional dos bailarinos, revelando a sutileza dos gestos e a profundeza dos conflitos internos explorados nas performances individuais. Os corpos em movimento não são apenas instrumentos de expressão artística, mas também narrativas vivas que convidam o espectador a explorar e compartilhar dos sentimentos e significados imbuídos na arte de Pina Bausch.
CENA EUROPEIA
O ESSÊNCIAL É QUE A BELEZA ESTEJA POSTA
Alceu Bett trilhou uma jornada significativa como fotógrafo e cineasta especializado em artes cênicas na Europa. Em 2001, fundou a Agência Espetaculum em Lisboa, Portugal, onde teve a oportunidade de colaborar com instituições culturais renomadas como a Fundação Calouste Gulbenkian e o Teatro Camões. Durante esses anos, seu trabalho envolveu principalmente a documentação e criação de projetos audiovisuais para diversas companhias de dança e ópera, incluindo a Companhia Nacional de Bailado de Portugal, Ballet Kirov e Ópera de Paris. Ao longo de sua carreira, Bett teve a chance de contribuir também para catálogos e comerciais televisivos, buscando sempre capturar a essência e a beleza dos espetáculos que documentava. Sua abordagem sensível e seu comprometimento com a arte o levaram a trabalhar com renomados produtores e criadores como Nacho Duato, Pina Bausch, Hans Vans Manen, Itzik Galili, Angelin Preljocaj, William Forsythe, Jirí Kilián, Vera Montero e Olga Roriz, deixando um legado impactante, na cena artística internacional.
Alceu Bett destacou-se pela capacidade de capturar detalhes físicos sutis e intrínsecos dos bailarinos e artistas. Suas fotografias revelam não apenas a graça e a energia das performances, mas também os pequenos gestos e expressões que compõem a essência da arte do movimento. Dos pés delicadamente arqueados às mãos expressivas, cada imagem oferece uma visão íntima e detalhada do corpo em movimento. Bett domina a arte de capturar a leveza de um salto, a fluidez de um gesto e a intensidade de uma expressão facial, transportando o espectador para o cerne da experiência artística. Suas lentes, habilmente, buscam a beleza nos detalhes, destacando a complexidade e a elegância do trabalho dos artistas, enquanto revelam a verdadeira essência da dança e da ópera.
OLORUM
FASCÍNIO E OBSESSÃO
O cenário nas ruas de Joinville, sob a luz da lua ou sob a chuva, é palco para a transbordante alegria e criatividade das agremiações. Ostambores ecoam o ritmo da bateria, enquanto os sambistas arriscam seus passos com gingado inigualável, sob os olhares atentos da rainha e dos mestres de cerimônia, guardiões da tradição do samba. Nessa festa que celebra a nobreza ancestral, surge uma atmosfera
de deslumbramento, as baianas giram suas saias, evocando o passado e o presente em uma dança carregada de memória e tradição. Cada bloco e escola de samba desfila com orgulho e paixão, em uma manifestação de identidade e cultura. É um momento de encontro e celebração, em que a comunidade se une em uma só voz para homenagear suas raízes com espírito festivo. Assim como o Carnaval de Joinville é uma expressão vibrante da essência do povo, a exposição “Olorum” de Alceu Bett nos convida a mergulhar nas profundezas da experiência humana. Cada imagem captura um momento de êxtase e verdade, desafiando os limites entre observador e observado. É uma celebração da luz que permeia todas as coisas, uma prece visual que nos conecta com o âmago da existência.
BORDERLINE
TRANSMUTAÇÃO
DA IMAGEM
Em “Borderline” de 2017, Alceu Bett redefine o conceito de autoria na fotografia contemporânea, explorando a dissolução da imagem para expressar a essência do meio. Transitando entre o mundo da dança e da pintura, Bett mergulha nas sutilezas da expressão, renunciando à figura para criar imagens que se sustentam por si mesmas na estrutura dinâmica das cores e camadas. Utilizando compostos químicos e técnicas experimentais, ele dialoga vividamente com a abstração de artistas como Pollock, buscando expressar estados anímicos em plena transmutação. Para Bett, a imagem fotográfica é menos sobre fixar um instante no tempo e mais sobre capturar a expansão e a expressão bruta dos estados da alma. Suas fotografias não são apenas abstratas, mas imagens líricas em constante movimento, entre vestígios da figura e sua recomposição orgânica, explorando a imanência das formas. Ao mirar além da superfície, Bett revela o que é mais íntimo e torna visível o complexo movimento das forças que nos constituem, desafiando a previsibilidade da imagem técnica e buscando a liberdade da arte informal.
Este livro, produzido pela Manuscritos
Editora, foi composto na tipologia Cairo,
corpo 10pt, entrelinha 12.6pt, impresso
na Impressul Indústria Gráfica Ltda.,
capa em Triplex 350g/m2 e miolo em papel
Couché 150g/m2, em julho de 2024.
Índice para Catálogo Sistemático
Arte 700.9
Fotografia 700.9
Artes visuais 700.9
Cinema 700.9
Crítica de arte 700.9
Gestão cultural 700.9
Copyright © 2024 Alceu Bett
Editora: Manuscritos Editora
Direção Editorial: Bernadéte Costa
Direção Organizacional: Katiana Rocha Machado
Projeto Gráfico: Pierre Xavier Themotheo
Colaboração: Maria Eduarda Machado Dobner
Depósito Legal junto a Biblioteca Nacional, conforme Lei de
Depósito – Lei 10.994 de 14 de dezembro de 2004. Dados
Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP). Catalogação
na fonte pela Bibliotecária Gegliane da Rosa Cintrão, CRB-10/1402.
CDD 700.9
B565c Bett, Alceu
Cromografia / Alceu Bett. Joinville, SC : Manuscritos Editora, 2024.
60 p. : il., color ; 20 cm
ISBN: 978-6587734-69-9
1. Arte. 2. Fotografia. 3. Artes visuais. 4. Cinema. 5. Crítica de arte.
6. Gestão cultural. I. Título.
Todos os direitos reservados
e protegidos pela Lei 9.610,
de 19 de fevereiro de 1998.
É proibida a reprodução
total ou parcial sem a
expressa anuência do autor.
1a Edição
Joinville/SC
julho/2024
Contato autor: www.galeria33.com
Contato Editora: contato@manuscritoseditora.com